Fim de Janeiro

 


São meia noite e cinquenta e cinco minutos do dia primeiro de Fevereiro de 2025. Em São Paulo, a chuva castiga pesada do lado de fora do quarto. A previsão e que caia a quantidade de chuva prevista para todo o mês de fevereiro ao fim dos próximos 2 dias. Previsão essa que teve inicio a 2 dias atrás. Eu sei porque também pedalei algumas dezenas de quilômetros debaixo dessa chuva. Parte por necessidade, parte por saúde. Mas principalmente por amor. Amor a minha irmã e comadre,  a quem mutuamente ofereci e ofereço ajuda. Amor ao meu marido, que tambem precisa ter espaço e descanso de mim. E principalmente amor a mim mesma. Pelo meu espaço. Para que dentro do latejar dos musculos eu possa encontrar um pouco de paz e satisfação com o breve silêncio dos meus devaneios. 

Não e o caso agora. Nao há o latejar...

Relanpagos, por vezes, clareiam o quarto por debaixo da porta. Estou nua, deitada de bruços, esperando o cabelo secar do banho enquanto tento uma ordem nas palavras que digito. As vezes não quero adimitir o que sinto nem pra mim mesma. E o relato segue assim. Vago. Admitir faria com que o que foi percebido doesse mais, e no momento não tem latejar fisico para aliviar o foco. Não conseguiria admitir, quiça transcrever em qualquer lugar que seja. Virtual ou real. Com medo de, sem querer, triscar na carta base que desmoronaria todo o castelo. Dizer seria adimitir e tornar literal. Sem a palavra, o encatamento é selado. O ruim se torna ilusório. Lugar de onde os pesadelos nuca deveriam se desvencilhar. E com isso eu posso lidar. Será? Será que tenho escudos quase impenetráveis para proteger esse castelo que sou. Mas o éco da minha historia reverbera no presente como vultos as vezes. Assoprando. Trazendo junto com a chuva, o frio da madrugada, do dia primeiro de Fevereiro.

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